História e origens dos Rundlinge
Não há registros históricos da época da fundação desses vilarejos
circulares, mas nas décadas recentes formou-se um consenso de que eles
foram fundados no século XII, em terras que, provavelmente por serem
pantanosas, propensas a inundações, e com solo relativamente arenoso,
não haviam sido previamente cultivadas. A principal teoria atual é a
do Prof. Dr. Wolfgang Meibeyer, que acredita que todos os Rundlinge
formaram-se aproximadamente na mesma época, num modelo deselvolvido
pela então nobreza germânica como apropriado para pequenos grupos de
agricultores e colonizadores, em sua maioria de origem eslava. Se
estes colonizadores estavam ali por escolha, por conquista, ou for
assentamento forçado, isso não é mais sabido. Os fatos parecem ter
ocorrido sem derramamento de sangue, e os séculos seguintes demonstram
uma convivência entre germânicos e eslavos. Isso eventualmente levou a
uma assimilação e eventual desaparecimento dos eslavos como um grupo
étnico distinto e com sua própria linguagem, “Wendisch” ou “dravänopolabisch”,
a linguagem utilizada para a maioria dos nomes dos Rundlinge, a ainda
hoje para algumas características não usuais da arquitetura local
rural e uso da terra. Essa língua eslava distinta, entretanto,
permaneceu em uso na região de Lüchow até o século XVIII, e há textos
escritos e dicionário ainda existentes, preparados por volta de 1725
por Johann Parum Schultze, do vilarejo de Süthen, e que marca a perda
gradual da linguagem antiga. A área de seu uso histórico é atualmente
chamada “Wendland”, por serem os eslavos da época camados de “Wenden”,
e corresponde aproximadamente aos limites administrativos do distrito
de Lüchow-Dannenberg. Dois grupos étnicos eslavos relacionados foram o
Wenden da Spreewald, e os Lusatian Sorbs de Oberlausitz, juntos
formando um grupo de cerca de 60.000 pessoas, que acredita-se ainda
possam falar o idioma “Sorbisch” na Spreewald, uma área no leste da
Alemanha próxima à divisa com a Polônia, junto às cidades de Bautzen e
Cottbus.
Os Rundlinge são eslavos ou alemães?
Os Rundlinge são, portanto, intimamente relacionados à existência de
grupos étnicos eslavos Wenden, mas parecem ter sido uma invenção alemã.
Não há qualquer evidência de que a forma circular desses assentamentos
iniciais fosse essencialmente eslava em origem, como acreditou-se no
passado. Eles surgiram como parte da colonização oriental promovida
por Heinrich der Löwe (Henrique de Leão), por volta da metade do
século XII. A nobreza germânica parece ter gostado da idéia de criar
novos vilarejos na forma de semi-círculo, ou com o formato de
ferradura, com uma ampla entrada para a área central. Especulou-se,
porém, que este modelo poderia ter se baseado numa forma de
assentamento datando de pelo menos o século VII. Na forma posterior,
cada fazendeiro teria uma área idêntica de terra, em formato
trapezoidal, na qual poderia construir sua casa, de modo que o formato
básico do vilarejo seria como o de um “bolo” semi-circular cortado em
fatias. No fundo da área de cada agricultor ficaria madeira para uso
pessoal, como para alimentar fogo ou como material de construção. Esse
espaço seria em uma área geralmente mais baixa do terreno, nas
imediações de um córrego. Cerâmicas eslavas foram encontradas, mas não
diretamente nos Rundlinge, mas em geral alguns metros fora dos mesmos.
Uma continuação dos assentamentos eslavos, talvez em uma nova forma,
germânica, permanece a possibilidade. Prova de uma forma ou outra virá
apenas com exames arqueológicos mais extensos, talvez dos dos
Rundlinge sabidamente abandonados em séculos anteriores.
Com o que os Rundlinge se parecem?
Esses vilarejos eram geralmente pequenos, com poucas fazendas, com em
média talvez apenas cinco, e construídas longe de trilhas ou estradas,
ao redor de uma clareira central, formando um espaço comum, e não
alocado para nenhum fazendeiro em particular. O agricultor principal,
chamado “Schulze” tinha uma área ligeriamente melhor, localizada na
parte central e diretamente oposta à entrada ao vilarejo, e geralmente
terras a mais do lado de fora do círculo, chamadas pelo seu nome em
Wendisch como “Güsteneitz”. Essas são quase sempre encontradas na
borda entre o terreno mais baixos (mais úmido, próximo a água) e mais
alto (mais seco, próprio para o cultivo), chamado aqui de “Geest”. Os
vilarejos eram espalhados de forma relativamente densa na área a ser
colonizada, com cada um mal completando um quilômetro de distância em
relação a outro. Isso implica que havia muitos e relativamente
pequenos assentamentos. Em alguns poucos casos, eles se misturaram em
vilarejos maiores, ou foram absorvidos em subúrbios de cidades.
Mesmo nos dias atuais esse padrão continua. Dos 324 assentamentos na
atual Lüchow-Dannenberg, mais de 200 são ou foram Rundlinge, e
praticamente nenhum foi engolido pelo avanço das cidades ou
amalgamados em vilas maiores, embora desde reformas realizadas em
1972, a maioria tenha perdido a autonomia política. Até 1972 cada
vilarejo tinha sua própria autonomia, levando à existência de 230
entidades, “Gemeinden”, no que era então e ainda é uma das mais
esparsamente povoadas áreas da Alemanha moderna. O menor dos 230 era
Liepehöfen, que tinha o caprichoso número de apenas 3 eleitores
adultos! Atualmente, em vez de 230 há um número mais razoável de 27
Gemeinden.
O formato circular é posterior à origem no século XII
A forma original dos Rundlinge era semi-circular ou em ferradura. A
maioria tornou-se circular em um periodo medieval posterior, quando a
densidade populacional aumentou. Isso levou as fazendas originais a se
dividirem em dois, três ou quatro, com terrenos adicionais em formato
de trapézio a serem definidos e utilizados na entrada dos vilarejos,
efetivamente fechando-os e permitindo apenas uma trilha vinda do
exterior. Esse desenvolvimento parece ter sido ordenado de cima, em
vez de ser resultado de mais de um descendente repartindo uma fazenda.
A maior prosperidade, e consequentemente a maior densidade
populacional dos Rundlinge desse período, pode estar relacionada com a
crescente adição de atividades de tecelagem à renda dos fazendeiros.
De qualquer forma, a maioria dos vilarejos originalmente
semi-circulares tornou-se praticamente circular, embora tenha havido
de fato várias soluções utilizando formatos diferentes. Alguns dos
Rundlinge hoje são mais ovalados no formato, e outros tem formato mais
irregular. O modelo original “uma entrada para a praça central” foi em
alguns casos alterado para levar em conta, digamos, o caminho até a
igreja local, ou para um moinho, e em anos posteriores, esses caminhos
podem ter sido alargados para receber veículos, e podem hoje formar
uma rota passando pelo centro vilarejo.
Embora a maioria dos Rundlinge de hoje tenham retido sua separação,
vários foram expandidos durante o último século e tiveram casas
modernas adicionadas, tipicamente em direção oposta ao círculo
original. Isso ocasionalmente leva a um formato alongado, com o antigo
Rundling em uma das pontas.
Por que os Rundlinge não possuem uma igreja nos seus centros?
Uma anomalia interessante, e que distingue esses vilarejos de outros
em outras partes da Europa, é que os Rundlinge praticamente nunca
possuem uma igreja. Existem igrejas, mesmo algumas bastante antigas,
mas tanto as próprias quanto seus cemitérios são quase sempre fora dos
Rundlinge propriamente ditos. Isso pode ter ocorrido porque os
Rundlinge eram geralmente constuidos apenas pouco acima do nível da
água corrente, enquanto igrejas precisavam de terreno mais elevado
para prover terreno com profundidade suficiente para sepultamentos.
Isso pode também ter sido resultado do fato de ser cada vilarejo muito
pequeno para manter uma igreja, de modo que a igreja teria que servir
vários vilarejos. Entretanto, a maioria dos pesquisadores acredita que
isso revela que a cristianização chegou tardiamente a esses locais,
quando a estrutura básica dos Rundlinge já estava criada. Há relatos,
pelas autoridades da Igreja, de práticas pagãs mesmo em tempos
modernos.
Isso também revela que mesmo onde teria sido possível adicionar uma
igreja para o círculo do vilarejo (mesmo no centro – por que não?),
isso não foi feito. Deve ter havido uma percepção de que não seria
apropriado fazê-lo, ou teria havido exemplos entre os mais de 200
vilarejos. Não já, porém, nenhum, mesmo nos vilarejos estabelecidos em
terrenos mais altos. Rundlinge não apenas não possuem igrejas, mas
também nunca possuiram escolas ou qualquer ponto de comércio. Estes,
quendo existiram, eram sempre externos. A vila central era sempre
apenas para a moradia dos agricultores.
Os Rundlinge e as Niederdeutsche Hallenhaus
Embora o formato dos Rundlinge e a arquitetura das fazendas
correspondam a dois desenvolvimentos separados, com várias centenas de
anos entre elas, e portanto, precisem permanecer separados em nosso
entendimento, é a interação entre esses dois elementos que faz da
Wendland de hoje tão atrativa aos visitantes.
Vimos que a forma dos Rundlinge parece ter sido uma maneira de divisão
planejada da propriedade em áreas então recentemente colonizadas a
leste das terras germânicas, e há exemplos históricos em uma larga
faixa de terra que vai do Mar Báltico próximo a Kiel e Lübeck, ao
longo de ambas as margens do rio Elba até terras checas no sul. Essa
área corresponde à colonização de Heinrich der Löwe após 1147 e outros,
na chamada Cruzada Wendish (“Wendenkreuzzug”), na qual o papa
consentiu com uma cruzada ao norte para conquistar e converter os
eslavos pagãos, ao mesmo tempo em que outros estavam tomando parte em
cruzadas ao sul para reconquistar Jerusalém dos muçulmanos turcos.
Entretanto, a arquitetura das casas das fazendas ao sul de Wittenberg,
e que são muito posteriores no período medieval, é diferente daquelas
no norte, e portanto, partes diferentes da faixa norte-sul que contém
os Rundlinge têm aparência diferente. As casas na Wendland eram parte
de uma ampla área Leste-Oeste, indo desde partes no leste dos Países
Baixos, passando pelo norte da Alemanha, até a Polônia, onde uma forma
de casa de fazenda predominava. Essa era a área dos chamados
“Niederdeutsche Hallenhaus”, algo como “casa alemã baixa”, uma forma
de edifício de tamanho considerável, e que abrigava não apenas o
fazendeiro e sua família, mas também a maior parte dos seus animais,
do feno e insumos. Tipicamente, a casa tinha os animais e o celeiro no
lado voltado para a praça central, enquanto o fazendeiro vivia na
parte posterior, com vista ao seu jardim e terras. O desenho da casa
colocava o fogo no centro e ao fundo da área do celeiro, com a fumaça
saindo por pequenas aberturas na fachada frontal.
Esse formato de casa foi uma invenção das planícies alemãs do norte, e
não existia ao sul de uma linha passando por Dortmund, Braunschweig,
Wittenberg e Stettin. Isso significa que apenas cerca de um décimo da
largura dessa área cruzava a faixa de terra de norte a sul que era
parte do Wendenkreuzzug no século XII, e que criou a forma dos
Rundlinge. Dentro desta área estavam as cidades de Kiel, Lübeck e
Hamburg e as quatro áreas rurais de Uelzen, Wendland, Prignitz e a
Altmark ao redor de Salzwedel.
Os três tipos de Niederdeutsche Hallenhaus
Os três tipos de casas baixas são denominados de acordo com o número
de fileiras de pilares que suportam a construção dos telhados. Esses
pilares são apoiados em pedras de fundação, em vez de enterrados
profundamente. A forma mais antiga, que também tinha o teto mais baixo,
era chamada “Zweiständerhaus”, por estar a construção toda apoiada em
duas fileiras de pilares (da fachada frontal ao fundo), dando suporte
a vigas cruzando o centro. Uma casa típica pode ter tido 14 pares de
pilares, correspondendo a 14 vigas, cada uma originalmente feita a
partir de uma única cerejeira. Nada além suportava o telhado, embora o
preenchimento entre os feixes de madeira permitisse maior estabilidade.
Esse preenchimento atualmente é em geral feito com tijolos, mas
originalmente era com vime e com uma forma de argamassa, coberta com
uma mistura de cal. A casa mais antiga na Wendland com essa construção
é de cerca de 1611, mas apenas cerca de 10 são do século XVII, a
maioria sendo do século XVIII. Elas são comparativamente raras, com
menos de 80 ainda em pé na Wendland, e apenas cerca de metade
diretamente em Rundlinge.
A forma mais recente que tornou-se comum durante o século XIX é
chamada em alemão de “Vierständerhaus”, que significa que a construção
do telhado é feita por quatro fileiras de pilares dando suporte a
vigas. Isso significa que a área central do celeiro é mais estreita do
que no “Zweiständerhäuser”, mas as áreas laterais são maiores. O
edifício como um todo também é maior, às vezes com três pavimentos, ou
com dois pavimentos e espaço mais amplo para feno e armazenagem acima
do celeiro.
Há ainda um terceiro tipo, chamado “Dreiständerhaus”, com três
fileiras de pilares. Este se parece com o tipo com duas fileiras de
pilares de um lado, com beirais mais baixos, e com o tipo com quatro
fileiras de pilares do outro, com beirais mais altos. Este formato é
um pouco assimétrico, com a porta do celeiro não mais central sob o
ápice do teto como nos demais formatos. Esse formato híbrido pode ser
encontrado em todas as eras, mas era mais comum durante o século
XVIII. Interessantemente, é muito mais comum na Wendland do que em
praticamente qualquer outro lugar no norte da Alemanha, e existe um
vilarejo, Prießeck, onde esta é a forma mais comum. Aqui a 3 destas
casas, de um total de não mais do que 40 na Wendland. Esse formato não
parece ser uma transição entre ambos, mas uma forma genuína de se
obter o melhor de dois modelos distintos, um experimento que não fez
muito sucesso até o final do século XIX, quando a maioria das casas
estava sendo construída.
Por que os Rundlinge reduziram-se a apenas uma pequena parte da
Alemanha?
Por que apenas a Wendland reteve o formato dos Rundlinge e as casas
baixas não é imediatamente claro, mas parece ter relação com a
relativa riqueza das cidades do norte, que teriam absorvido os
“primitivos” Rundlinge e sua arquitetura rural igualmente “primitiva”
ao longo dos séculos.
É menos fácil entender por que Uelzen, Prignitz e Salzwedel tem tão
poucos Rundlinge sobreviventes, já que essas regiões os tinham tão
recentemente quanto 1820-1850, como mostram mapas
“Verkoppelungskarten”. Prignitz, Salzwedel e Altmark eram
politicamente partes da Prussia, enquanto Wendland e Uelzen, eram
parte do Reino de Hannover nesse período. Sabemos que o governo da
Prussia ficou alarmado com o número de incêndios causados pelo uso de
fogo no mesmo edifício em que feno era armazenado, com teto de palha,
e animais. Um decreto foi expedido no início do século XVIII probindo
a construção de casas tradicionais, e exigindo dos fazendeiros a
separação de funções de cozinha das de armazenagem. Isso parece ter
levado a soluções na Prussia diferentes daquelas tradicionais para
áreas mais amplas, em favor das “Querdielenhäuser”, ou casas
transversais, com a entrada do celeiro na lateral. Na Altmark, elas
também tinham a tradição de colocar uma espécie de portão junto às
entradas das suas terras, bloqueando com isso a vista das portas do
celeiro quando observadas da praça central do vilarejo.
Todavia, foi provavelente a pobreza tanto quanto os decretos que
levaram os fazendeiros a reformar, em vez de demolir, as casas antigas
e construir novas em seu lugar. E a Wendland sempre esteve na ponta
pobre da escala. Isso continuou até os período recente, com sua
posição infeliz como parte da Alemanha Ocidental, mas penetrando no
território da Alemanha Oriental, de modo que ela estava limitada em
três lados por cercas eletrificadas que barrava o acesso a partir do
lado Comunista pela maior parte do século XX. A Wendland sempre de
alguma forma permaneceu relativamente isolada, desde os tempos da
cristianização, e mesmo hoje não possui rodovias, praticamente nenhuma
ferrovia, poucas indústrias, pouco emprego, e população que segue
encolhendo. Se conhecida por algo hoje, é por décadas de luta conta a
deposição de lixo radioativo em Gorleben, um local escolhido por
políticos uma geração atrás precisamente porque poucas pesosoas viviam
ali.
Os Rundlinge no século XX
A partir da década de 1880 iniciou-se um período de grande
prosperidade na Alemanha, e isso refletiu-se também na Wendland com a
chegada de algumas indústrias. Alguns amplos edifícios de tijolos,
típicos do período conhecido como “Gründerzeit”, foram construídos em
estilo moderno, frequentemente com a fachada voltada lateralmente para
a praça central, mas esses foram exceções. A maioria dos fazendeiros
tinha apenas espaço disponível para renovar suas casas, ocasionalmente
substituindo a argamassa por tijolos, ou revestindo o exterior para
conservar calor no interior. A maioria dos Rundlinge sobreviveu
intacta.
Até a II Guerra Mundial, a agricultura em pequena escala em áreas como
Wendland era ainda somente sustentável, embora a indústria têxtil
doméstica houvesse naquele período desaparecido. Por um breve período
em fins da década de 1940 e início da década de 1950, a Wendland
tornou-se lar de um grande número de refugiados da Alemanha Oriental,
mas a industrialização em partes do país acabou levando muitos a se
mudarem. A divisão em Leste e Oeste afetou profundamente a Wendland,
por haver ficado isolada no norte, leste e sul, por uma cerca
eletrificada por quase 40 anos, até 1989. Esse desenvolvimento, embora
largamente negativo para a região, teve pelo menos duas consequências
positivas: primeiro, o isolamento rural dos Rundlinge não foi afetado
pela industrialização ou rodovias. Segundo, a Wendland tornou-se um
segundo lar para vários berlinenses-ocidentais, que investiram nas
propriedades antigas, espaçosas e baratas, e acabaram salvando
vilarejos inteiros da ruína certa.
Ao mesmo tempo, a população local, refletindo a prosperidade do
pós-guerra, vinha trazendo a modernidade, e demolindo as antigas casas
e substituindo-as por casas modernas e muito menos simpáticas, que
eram mais baratas para manter e mais quentes no inverno. Essa
tendência foi notada com alarme por muitos amantes das antigas casas e
dos vilarejos circulares pitorescos. Com isso o “Rundlingeverein”, uma
associação que objetiva educar a população sobre a perda potencial de
um legado que havia se tornado único não apenas na Alemanha, mas na
Europa toda, foi criada em 1969. Foram esses pioneiros que
eventualmente conseguiram interromper a demolição das casas antigas,
pensaram em usos alternativos para os edifícios, e suportaram
iniciativas da “Denkmalpflege”, a agência governamental para a
preservação de monumentos, com o objetivo de preservar a herança
cultural dos Rundlinge e das suas “Niederdeutsche Hallenhaus”.
Quantos Rundlinge existem hoje?
Essa é uma questão mais difícil de responder do que pode parecer.
Originalmente havia talvez cerca de mil desses vilarejos criados nos
séculos XII e XIII, talvez 400 dos quais sobrevivento no século XIX.
Apenas nas porções da Wendland nas imediações de Hanover nós
conhecemos cerca de 200, os quais ainda eram claramente Rundlinge por
ocasião dos “Verkopplungskarten” (um tipo de mapa, marcando a
propriedade da terra) no início do século XIX. Muitos já haviam
sucumbido a incêndios catastróficos, e haviam sido completamente ou
parcialmente reconstruídos, mas nem sempre como um Rundlinge. A
modernização resultou na destruição de muitas das antigas casas, e a
sua substituição por casas modernas, às vezes, mas nem sempre,
afetando a estrutura circular dos vilarejos.
Atualmente a melhor estimativa é de que cerca de 80 desses 200
vilarejos seja ainda reconhecível como Rundlinge, mesmo para não
especialistas, e destes, cerca de 30 são de interesse suficiente para
turistas para que um plano de desenvolvimento turístico seja
desenvolvido, algo atualmente de grande interesse dadas as tentativas,
até agora bem sucedidas, pelo Samtgemeinde Lüchow em ter os Rundlinge
reconhecidos pela UNESCO como Patrimônio Mundial. O Rundlingeverein,
que há muito tempo tem dado suporte à preservação, para a posteridade
desses vilarejos únicos, recentemente colocou seu peso em favor de uma
aplicação do Samtgemeinde, e em paralelo fará uma análise estruturada
de mais de 200 Rundlinge existentes, bem como de localidades que foram
Rundlinge, para registrar quanto dos originais permaneceu, e quais
ações corretivas precisarão ser tomadas para preservá-los.
Título da UNESCO de Patrimônio Mundial
Um grupo de 15 vilarejos foram provisoriamente indicados para serem
listados como Patrimônio Mundial pela Samtgemeinde Lüchow. Apesar da
competição com outras áreas, a Baixa Saxônia escolheu, em 2002, o
grupo de Rundlinge na Wendland como uma de suas duas indicações para
aceitação pelo governo federal alemão. Esse processo tomará pelo menos
um ano. A aplicação foi reescrita para deixá-la mais próximo de
critérios nacionais. Negociações prosseguem, mas a intenção atual é a
de que um grupo de 19 Rundlinge ao redor de Diahren, Bussau,
Mammoißel, Schreyahn, Güstritz, Satemin e Lübeln sejam propostos, com
ênfase na paisagem cultural na qual cada um está inserido. A área
exata será discutida em detalhes nos próximos meses,
Possíveis extensões da área principal
Atualmente a área principal não se estende aos vilarejos de Lemgow,
uma área na Wendland a leste de Lüchow. Caso a área principal seja
aceita, é possível que posteriormente haja uma oportunidade para uma
extensão. Em Lemgow há 12 Rundlinge, a maioria em boas condições, mas
um tanto separados da maior concentração entre Lüchow e Clenze, e
possuem um formato ligeiramente diferente, parecendo maior, uma vez
que cada casa é posicionada de forma mais distante em relação à área
central. Várias possuem jardins frontais, que são pouco usuais em
outras partes do distrito. A área principal também não inclui os
Rundlinge da porção norte da área, próximo ao vale do rio Elba, mas
isso é mais razoável, haja vista que poucos vilarejos estejam intactos.
Aqui as casas apresentam uma fachada diferente, com telhados de quatro
águas em vez de empenas planas como mais típico nas áreas mais ao sul.
Adrian Greenwood
Setembro/2013
Translated to Portuguese from the English version by
Dr. Anderson Winkler, Oxford, 2014)
|

Dr. Wolfgang Meibeyer, Rundlinge und andere
Dörfer im Wendland
ISBN 3-925861-21-1

Lübeln

Bussau

Mammoißel

Weitsche

Krummasel

Dolgow

Zebelin

Zweiständerhaus in Trebel

Dreiständerhaus in Rehbeck

Vierständerhaus in Meuchefitz

Jabel

Gühlitz

Breese i. Br.

Süthen

Göttien

Lüsen
|